sábado, 7 de julho de 2012

"Caso Relvas"



Rebentou nas ultima semana no nosso país um caso, que foi tratado pela imprensa como sendo de uma dimensão cataclismica. Miguel Relvas, Ministro Adjunto, tinha concluído a sua licenciatura em Ciência Politica e Relações Internacionais, com duração normal de 3 anos, em apenas um. É de facto uma situação estranha, que exigia a devida explicação.
E a explicação foi, em devido tempo, dada. Foi utilizada uma clausula na lei, em que a experiência profissional era considerada para fim de equivalências, sendo que a de Miguel Relvas lhe deu várias. Tudo isto nos levanta, no entanto, varias considerações:

. nada de ilegal existiu. A lei foi cumprida. Podemos é questionar a lei, e o sistema pantanoso em que vivem as universidades pós-Bolonha nas questões das equivalências, trânsferencias, mudanças de curso e afins. Podemos também questionar se será aceitável que cada universidade possa criar regras próprias nessas áreas ao invés de haver um sistema único. Mas não me parece que nada disso tenha a ver com Miguel Relvas.

.Miguel Relvas está á frente de uma das pastas sensíveis desta governação, a privatização da RTP. É uma pasta que move vários interesses e antipatias. Não será estranho, por isso, ver uma mobilização corporativa tão forte por parte da classe jornalistica como a que estamos a assistir. Onde se privilegia as frases feitas, os sound-bytes em busca do choque fácil em vez da verdade dos factos. Quando temos por trás da notícia uma jornalista que catalogou o ministro no twitter de "filho da..." está tudo dito. O grande debate a fazer será ,talvez, o da qualidade do nosso jornalismo.

.certos sectores de um defunto Socratismo não enjeitaram esta hipótese de procurarem uma revanche do célebre caso da Licenciatura de Sócrates, mesmo não sendo similares. Revela, uma vez mais, que o principal partido da oposição vive numa série confusão de prioridades. E assim se vê o PCP a dar tiros tão certeiros como o da dívida do Ministério da Justiça ao advogados oficiosos, enquanto o PS anda á procura de casos mediáticos.

. Miguel Relvas é a principal face politica deste governo. É uma figura com uma forma de actuação controversa, tendente a gerar inimizades e teias de interesses. Será talvez o alvo mais fácil deste governo. Mas, neste caso, parece-me ser uma vitima de uma campanha organizada. Mas, analisando o seu percurso politico, não me parece que seja fácil de derrubar. Tem uma vastíssima experiência politica, e parece-me estar a dar os passos certos neste caso, com a transparência necessária. Esperemos, a bem da verdade política e do necessário equilíbrio de poderes entre instituições e imprensa, que não hajam consequências. A manutenção de Responsáveis políticos no seus cargos não pode andar á vontade dos interesses dos meios de comunicação social.

Tenho Dito

1 comentário:

Fernando Vasconcelos disse...

Ora bem claro que não é por acaso. Claro que existem uma ou mais intenções convergentes. Isso não muda porém o facto. A lei foi supostamente cumprida. E digo supostamente por duas razões. Primeira um cidadão comum que fosse proprietário de experiência profissional semelhante ao do Ministro mas que não fosse conhecido ou que não tivesse influência não conseguiria seguramente o mesmo. Segundo a autonomia universitária existe e bem mas essa autonomia pressupõe responsabilidade. Nem me choca especialmente que a licenciatura tenha sido atribuída, apesar de detestar a peça em causa, reconheço que terá habilitações suficientes para o grau, porém uma equivalência desta natureza deveria no mínimo ter levado a universidade a propor uma avaliação por currículo por um júri exterior à universidade por exemplo. O Ministro não é culpado porque não foi ele que decidiu assim? Não é culpado porque não legislou e o que fez, fez dentro da lei? Está o ministro a ser perseguido? sim a todas as questões. Porém mesmo sendo legal, mesmo não sendo da sua responsabilidade e sendo certamente verdade que está a ser perseguido também não deixa de ser verdade que utilizou um subterfúgio indecente para seu beneficio pessoal. E isso está abaixo das qualificações necessárias para um ministro. Por mim poderia até nem ter a licenciatura, não pode é ser mentiroso e pior do que isso demonstrar falta de carácter. Isso é que não pode.