Todos assistimos com interesse ao que se passa no norte de África. Creio que é daqueles momentos em que temos o privilégio de assistir a algo que ficará nos livros de história.
Tudo começou com protestos estudantis na Tunísia, ao qual os mais diversos estratos da sociedade aderiram, e mais tarde, quando o exercito se recusou a agir contra a população, levaram á queda de Ben Ali, ditador á várias décadas no poder. Esta revolta popular da Tunísia teve um efeito dominó no mundo árabe e alastrou a muitos dos seus vizinhos, da Argélia a Marrocos, do Iemen ao Egipto. E é neste ultimo que os protestos atingem o seu ponto mais critico.
O Egipto tem sido a maior potencia árabe do Norte de África, um aliado importante do ocidente e um elemento decisivo na equilíbrio com Israel. O seu velho ditador,Hosni Mubarak, vê-se a braços com uma revolta inédita nas suas várias décadas no poder, e até já anunciou o seu abandono dentro de meses. O mesmo se passa no Iemen.
Enquanto democratas a nossa primeira reacção sempre que uma ditadura cai por força do levantamento do seu povo é de alegria. Mas passado esse primeiro momento é necessário ter em atenção diversos pontos. Estas ditaduras, apesar de condenáveis, eram ditaduras que davam muito jeito ao ocidente pois estabilizavam uma região muito complicada e; acima de tudo, continham os extremismos religiosos que põem em causa a nossa segurança colectiva. Musbarak, ben Ali, Khadafi ou o rei Mohamed VI eram males com que o ocidente convivia bem.
Agora, após a queda de Ben Ali e previsível queda de Musbarak, exige-se aos Estados Unidos e á Europa grande habilidade politica na gestão da evolução destes regimes para democracias de pleno Direito. Cabe apoiar as forças moderadas, fazer prevalecer as simpatias pelos direitos e liberdades, e não permitir que a incerteza leve á ascensão de forças extremistas que visem a instalação de estados de cariz religioso. Os sinais de aviso estão aí, a começar pelo desejo publico expressado pelo Irão de que as revoluções se tornem Islâmicas.
Será possível instalar democracias nesses países do mundo árabe? Creio que sim. Temos o exemplo da Turquia, que não sendo ideal, é muito positivo. Creio que na Tunísia isso será menos difícil. Com uma classe média culta e próspera, que desde cedo tomou as rédeas da revolução, creio que a Tunísia tem tudo para uma evolução no caminho certo. Já no Egipto a situação é mais complicada. Aí as forças Islâmicas são mais influentes e o caminho é mais estreito. Mas o aparecimento de uma figura como o Nobel da Paz Al Baradei pode ser vista como positiva.
Creio que são momentos verdadeiramente históricos que devemos seguir com toda a atenção. Até porque muita da segurança Europeia pode passar pelo resultado destas revoluções.
Tenho Dito
2 comentários:
Pode ser que seja assim.
Mas receio que ainda um dia venhamos a ter saudades dessas ditaduras.
Porque,como dizes,continham o radicalismo islâmico.
E poderes frágeis,como actualmente em todos esses paises,propiciam a ascensão de fanatismos de indole religiosa.
Veja-se o que aconteceu no Irão quancaiu o Xá.
Ou mais recentemente no Afeganistão com os sinistros estudantes de teologia.
Creio que a Europa tem boas razões para estar muito preocupada.
No caso do Egipto sim, temos razões para estar preocupados, embora ainda haja uma grande margem para tudo correr pelo melhor. Quanto á Tunisia, pela existencia de uma classe média mais culta, próspera e informada e até pela influencia da comunidade tunisina emigrada na Europa, creio que poderemos aí ter uma real democracia. Agora não queiram é uma democracia perfeita. Nem em Portugal o temos. :/
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