Os portugueses decidiram e fizeram-no de forma absolutamente clara. Escolheram um caminho diferente, um corte com anos de politicas desastradas, jogadas pouco claras, muito marketing e show-off, mas de resultados absolutamente negativos. Os portugueses decidiram-se pelo voto no PSD e pelo fim de 6 anos de governo PS de José Sócrates.
Foi uma vitória que não deixa duvidas, 38,63% para o PSD contra 28,05% do PS, 105 eleitos PSD contra 73 do PS, 16 círculos eleitorais ganhos pelo PSD contra 3 ganhos pelos PS. Não há como por em causa a clareza desta vitória.
Em vitória tão clara é sempre difícil encontrar destaques, mas eles existem. Em Viana do Castelo a candidatura do PSD liderada pelo independente Carlos Abreu Amorim e pelo presidente da distrital Eduardo Teixeira conseguiu eleger 4 dos 6 deputados que o distrito dispõe (contra 1 de PS e 1 de CDS), um resultado fantástico. Como também fantástico foi o resultado na Guarda, onde de 4 lugares disponíveis o PSD liderado por Manuel Meirinho conseguiu 3. Em Vila Real (distrito em que concorria Passos Coelho) e em Bragança (com Francisco José Viegas) o PSD conseguiu mais de 50% de votação (51,41% e 51,99% respectivamente) o que confirma a região como uma "nação laranja". Nota também para vitórias absolutamente claras como a dos Açores onde a politica de "Chico-esperto" de Carlos César foi claramente derrotada nas urnas (47,36% contra 25,67%). Em Leiria de 10 deputados o PSD conseguiu 6, contra 3 do PS e um do CDS (47% contra 20%), no Algarve venceu em todos os concelhos, no Porto elegeu mais 5 deputados em relação a 2009, em Braga mais 3, e teve até a coroa de gloria de ver o Açoriano(?) Costa Neves vencer Sócrates no circulo eleitoral deste, Castelo Branco. Mesmo onde o PSD perdeu não se pode dizer que os resultados tenham sido maus. Em Beja elege pela primeira desde 1995 um deputado, Carlos Moedas, que fez uma grande campanha tendo a coragem de lutar na sua terra quando teria sido mais fácil cair de para-quedas num outro circulo. Em É quase se conseguiu uma vitória histórica (PS-29,07%, PSD-27,47%) e em Setúbal foi conseguido um segundo lugar á frente do PCP e com o mesmo nº de deputados do PS (5). Uma noite para recordar, mas sem embandeirar em arco.
Quanto ao resto, destaque para um resultado muito bom do CDS, que garante uma sólida maioria de direita no parlamento e, esperemos nós, um governo de coligação sólido. É certo que as sondagens faziam o CDS sonhar com um resultado ainda melhor, mas 11,74% e 24 deputados eleitos confirmam um CDS reforçado, que mais que uma muleta da governação será um interveniente sólido. Paulo Portas deve estar feliz.
Á esquerda apenas a CDU se aguentou, mantendo os seus eleitos de 2009 e ainda conquistando um em Faro, circulo eleitoral que cresceu nestas eleições. Confirma-se a fidelidade do eleitorado comunista e o factor de popularidade do seu líder, Jerónimo de Sousa.
Uma das noticias da noite foi a queda do Bloco de Esquerda. Sem nunca conseguirem afirmarem-se como alternativa de nada, encurralados no estatuto de partido de protesto, o bloco viu fugir muitos desiludidos para quem o mito bloquista chegou ao fim. O Bloco perdeu deputados em círculos vitais como Lisboa, Porto ou Setúbal, mas os grandes golpes da noite foram a perca do seu deputado em Braga e sobretudo a do seu líder parlamentar (José Manuel Pureza) em Coimbra. Surpreendente também o facto de Francisco Louçã não se ter demitido, mas sobre comportamentos correctos na politica o Bloco apenas sabe exigir aos outros, tê-los é que é mais complicado.
Nenhum partido pequeno elegeu deputados, o que é mau para a democracia. Mas como a certa altura quem teve para eleger um deputado foi o Partido dos Animais (PAN), esse é um mal com que podemos bem.
Uma ultima nota para a abstenção. Foi muito elevada, para umas eleições desta importância, tendo duas explicações, os eleitores fantasmas e o bom tempo que se sentiu. A primeira é compreensivel e deve ser corrigida rapidamente. A segunda é patética e concordo com o Presidente da Republica, quem prefere mais 10 min. de praia ou shopping ao exercício de um dever civíco vital não tem depois qualquer legitimidade para vir reclamar do que quer que seja.
O mais difícil começa agora, com a formação de novo governo e o cumprimento do programa acordado com as instâncias internacionais. Não tenho duvidas de que Passos Coelho está á altura do desafio. Assim como Paulo Portas, todo PSD e todo CDS. Mas exige-se preseverança, compreensão e sobretudo sentido de Estado.
Tenho Dito
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