quarta-feira, 13 de julho de 2011

A nova DC :parte 1



O mundo dos comics está numa encruzilhada. Apesar de as personagens da Marvel e da DC serem mais populares que nunca, com os seus filmes a dominarem Hollywood e o mundo, não só em box-office como, muitas vezes, em qualidade, o certo é que as vendas mensais de cómics baixam de mês para mês. Cada vez mais formatos como as hardcovers ou os Paperbacks vão ganhando o seu espaço nas grandes livrarias (ex: FNAC), para desespero das comic book shops e á custa dos cómics tradicionais, aquilo que verdadeiramente suporta a industria.



A DC comics confrontava-se ainda com outro problema sério. Após uma reestruturação empresarial que visava subir a sua importância no universo da gigante Warner Brothers e agilizar a sua estrutura criativa, o certo é que em vendas continua a grande distância da rival Marvel Comics. Mesmo em meses em que no top-10 de vendas conseguia meter 6 titulos, inclusive no 1º e 2º lugar, o certo é que share de vendas a coisa normalmente fica Marvel 45% - DC 25%. Desanimador no mínimo. Até porque em qualidade andavam equiparadas, quer no bom, quer no mau.



Chegado mais um verão ambas as editoras lançaram os seus tradicionais eventos, mini-séries especiais com muitos tie-ins associados, em que as editoras se especializarem e os fãs, apesar de sempre criticarem, acabam por devorar avidamente. Estes eventos sempre prometer mudar tudo, e embora por vezes o consigam, os efeitos são de curta duração, voltando tudo rapidamente ao status-quo.



O evento da DC, "Flashpoint",escrito pela super-estrela Geoff Johns, até tinha uma premissa bem gira, tendo como centro Barry Allen, o Flash. Este, após uma noite de trabalho no laboratório criminal, acorda para descobrir que o mundo está diferente. Ninguém ouviu falar do Super-homem, em Gotham um Batman mais violento combate o crime e de dia gere casinos onde arranja o financiamento para as suas actividades (spoiler: é Thomas Wayne que sobreviveu e viu o seu filho morrer no assalto), Hal Jordan nunca recebeu o anel de Lanterna Verde porque abin sur nunca morreu, na Europa uma guerre entre as Amazonas de Wonder Woman e os Atlantes de Aquaman leva a que as primeiras conquistassem o Reino Unido (matando quase todos os homens) e os segundos tivessem afundado toda a Europa Ocidental com mais eficácia que qualquer agência de rating (sim Portugal também foi). Uma história que muitos fãs se apressaram a classificar como um "elseworld" e que no fim tudo voltaria ao mesmo. Como estavam enganados!



Os primeiros sinais de que algo se ia passar começaram a surgir na net. Nas solicitações que as editoras lançam todos os meses , em Agosto todos as histórias chegavam ao fim, sendo que algumas até saiam a dobrar para alcançar esse final. mais, na ultima semana de Agosto apenas um titulo era lançado, Flashpoint #5, o ultimo numero desse evento. Juntava-se a isso o facto de nenhum criador associado com DC poder revelar o que tinha planeado para depois dessa data, ao terem assinado acordos de não divulgação com a empresa.



Há cerca de um mês a bomba estourou. A DC em Setembro ia fazer um relançamento geral, 52 novas colecções, 52 novos nº1. Em muitos casos uma nova história.



Pelo que foi sendo dito, não se trata de uma reformulação geral, o que funcionava, como os títulos associados com o Batman ou com o Lanterna Verde, continuam as suas histórias. Outros, como a Liga Justiça , o Super-Homem e muitos outros, terão a sua história recontada. A internet explodiu! Houve de tudo, desde de fãs que anunciaram o Apocalipse, aos que anunciaram o seu abandono dos cómics, aos que adoraram a ideia e nela embarcaram.



Do ponto de vista do negócio creio que este era um passo inevitável. Algo tinha de ser feito, e a DC arriscou. O meio precisava de um golpe assim para reanimar. A decisão de lançar 52 novas séries, assim como a de lançar digitalmente no mesmo dia em que sai nas lojas, lança os comics no sec.XXI. E de há um mês para cá não se fala noutra coisa, sendo o relançamento tema central não só da imprensa especializada, mas também de meios de comunicação de todo o mundo (desde a CNN ao USA Today). O mundo dos cómics só tem a ganhar com isso.



Pessoalmente, apesar de algumas reservas quanto a alguns títulos e equipas criativas escolhidas, estou muito entusiasmado. Deixei de comprar cómics há 2 anos e meio, comprando agora só HC e TPB. Mas esta medida vai fazer-me voltar á compra semanal de cómics. Se mais houverem como eu, a DC consegue o que pretendia.



Tenho Dito



PS: numa 2ª parte analisarei, da minha perspectiva de fã, os títulos e as equipas criativas. não o faço agora porque o post vai extenso. Mas deixo um link para quem quiser consultar essa lista:



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