segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Diz-me com quem andas e dirte-ei quem és!


A Europa e o mundo ocidental foram apanhados de surpresa com os acontecimentos que assolam o mundo árabe. Todas estas quedas em domino de regimes ditatoriais foram inesperadas e puseram a nu as ambiguidades das potências Europeias e dos Estados Unidos nas relações com estes países.

Por norma, e como não poderia deixar de ser, defensores das liberdades e garantias individuais, o receio do extremismo islâmico levou a que os países Europeus e os E.U.A. pactuassem com estes regimes que lhes iam dando as garantias de contenção desses extremistas, ao mesmo tempo que oprimiam as suas populações. Um erro, pois essa repressão foi permitindo que os extremistas se vendessem como mártires ao mesmo tempo que a sua luta se confundia com as legitimas aspirações de liberdade das populações. E foi permitindo que se transformasse em aliados do ocidente terroristas loucos como o sr Khadafi. E com isso ia também crescendo um forte sentimento de revolta contra a Europa e os E.U.A. Cabe por isso agora a esses países gerir com inteligência toda esta situação, ajudando a que estes países caminhem no rumo da democracia, mas sem paternalismos ou neo-colonialismos. Os sinais mostram que as populações desejam um caminho de liberdade e não estão dispostas a abraçar fundamentalismos. Agora há que ser inteligente, como Barack Obama parece estar a ser, e ter habilidade politica.

Portugal não foi neste tema diferente de outros países. Com um rumo na politica externa assente no facto de sermos um país que cria pontes e que tem relações em todo lado, facto que nos permitiu chegar ao conselho de segurança das Nações Unidas, Portugal foi ao longo dos tempos criando algumas "amizades" de carácter bastante duvidoso. Apertados pela difícil situação da nossa economia, o desejo da abertura de novos mercados para as nossas empresas levou a que se intensificasse os diálogos com regimes como o Líbio, o Angolano, o Chinês ou até com loucos perigosos como Hugo Chavez.

Não critico a abertura desses mercados, compreendo até a atração de se investir em mercados que não estão sujeitos a regras de supervisão democrática. O que critico fortemente é os limites a que foram, e vão sendo, levadas essas relações. Tudo bem que se mantivessem diálogos com a Líbia, mas seria necessário ter o nosso ministro dos Negócios estrangeiros nas celebrações do aniversário do regime, legitimando um ditador que, como agora bem vemos, é um louco sanguinário? Ou será necessário estar constantemente a dar palco á loucuras do sr Chavez, postura que apenas cobre o nosso país de ridículo?

Bem sei que existe em matéria de Politica Externa um acordo tácito entre os nossos principais partidos, PSD e PS, que tem permitido que se mantenha um rumo uniforme nesta área. E não discordo dessa postura. Mas creio que o rumo dos últimos anos justificava por parte do PSD uma postura mais firme, chamando o Ministro á AR ou lançando este tema num dos debates quinzenais com o Primeiro-Ministro. Creio que seria uma forma de mostrar que não nos regemos todos pela mesma cartilha e que ainda há quem não venda a alma ao diabo.

Pelo menos eu ainda acho que haja quem não a venda.

Tenho Dito

1 comentário:

luis cirilo disse...

É evidente que o PSD já devia ter tomado posição sobre o que se passa no Magrebe.
É a vantagem de ter um governo sombra.
Há responsáveis atentos ao que se passa em cada área da governação.