domingo, 5 de dezembro de 2010

Presidenciais 2011


Começam na próxima semana os debates entre os candidatos á próximas eleições presidenciais. São umas eleições que se aproximam perante a (quase) total indiferença da maioria dos portugueses. Muitos são os assuntos que ocupam as preocupações dos portugueses, e esta eleição é vista um pouco como algo inconsequente. Os motivos para isso são vários, desde a redução dos poderes do Presidente da Republica, ao facto de se tratar de uma possível reeleição do actual Presidente (todos sabemos como isso costuma correr) , até á qualidade dos intervenientes. De facto, não me recordo eleição tão desinteressante como esta, talvez só comparável á reeleição de Mário Soares, quando este defrontou Basílio Horta. E isso, perante a gravidade da situação que vivemos e o papel decisivo que o Presidente poderá vir a ter, é muito preocupante.

Cavaco Silva recandidata-se e, deixemos-nos de rodeios, vai ser reeleito com ampla maioria. Cavaco não fez grande mandato, pelo contrário, foi apenas um mandato razoável. Demasiado permissível com um Governo muitíssimo incompetente, levando a cooperação estratégica alem do aceitável, com uma visão minimalista dos poderes presidenciais, Cavaco não sendo o maior responsável pelo desnorte a que chegamos é no entanto um dos responsáveis. Mas é também, neste momento, o maior referente de estabilidade e credibilidade que o nosso país possui, é claramente o mais preparado dos candidatos (a larguissima distância), o que maior confiança dá aos mercados e parceiros internacionais. E todos esperamos que a sua atitude durante o próximo mandato seja claramente de maior intervenção e exigência.

Manuel Alegre é um grande poeta. Não chega para se ser Presidente da Republica. Manuel Alegre é... não lhe consigo assim de repente encontrar muitas qualidades politicas. Quando alguém foi Deputado durante três décadas e não se lhe conhece qualquer projecto de lei da sua autoria creio estar tudo dito. Tem quase tanto de vaidade quanto de idéias ultrapassadas. E perdeu aquela que foi a sua maior arma á 5 anos, o ser um candidato independente e contra-sistema. Hoje é o candidato do sistema (PS) e do populismo barato (BE). Á 5 anos teve um milhão de votos, desta vez nem incomodará Cavaco.

Fernando Nobre é um grande cidadão. A AMI é uma obra notável. Já o candidato Fernando Nobre tem sido uma desilusão para quem via com algum entusiasmo o aparecer de uma candidatura genuinamente independente. Sem ideias e recheado de lugares comuns, Fernando Nobre arrancou em falso. Vamos ver como se sai nos debates, onde terá de apostar tudo para apanhar Alegre.

Francisco Lopes, o "camarada Xico Lopes" (como o tratam os companheiros de partido) é o tradicional candidato do PCP. Figura influente na estrutura do PC, dominando a estrutura e os sindicatos, é apontado como futuro secretário-geral. È no entanto um perfeito desconhecido dos Portugueses. E pior que isso, tem um ar antipático, de quem anda sempre zangado com o mundo. Creio que foi um erro de casting claro por parte do PC. E ficará muito aquém do resultado de candidatos comunistas como Carlos Carvalhas ou Jerónimo de Sousa. Quanto muito estará ao nível de António Abreu. Quem? Exactamente!

Defensor Moura teve a coragem de avançar com uma candidatura e isso é sempre elogiável. Terá a oportunidade de defender os seus ideais, nos quais se destaca a Regionalização, e procurará chegar aos 5% para ter direito a apoio do Estado. Mas deste ex-dinossauro autárquico pouco mais se pode esperar. Tem aqui os seus 15 min. de fama a nível nacional e a oportunidade de um debate televisivo com Cavaco Silva, algo inimaginável á 5 anos quando era um medíocre presidente da Câmara de Viana do Castelo.

Finalmente uma palavra para os Debates. A esta distância não creio que sejam decisivos. Louvo a sua realização, que sejam debates a 2 e que nenhum candidato tenha sido excluído ou se tenha furtado a debater com quer que seja. Mas debates de 30 minutos é gozar com os eleitores! Eu, pelo menos sinto-me desrespeitado. Mas é o que temos.

Tenho Dito

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